quinta-feira, janeiro 31, 2008

UM DESEJO MEU

Sempre tive dentro de mim um desejo, que, dependendo dos fatos cotidianos, aflora com mais ou menos urgência. Mas é sempre um desejo meu.


Quero estar acima das ofensas, críticas negativas, comentários ácidos ou grosserias que receba de quem quer que seja...

Há um desejo muito grande de poder sentir, mas de verdade e em verdade, que não importa o que me digam. Quanto ao que pensam de mim, tenho aprendido com largueza a desvencilhar-me de preocupações quanto a isso. Até que quando quem me fala de forma rude ou me critica, ofende é uma pessoa que eu veja hoje e, talvez, daqui a algumas semanas... até que, nesses casos, tiro de letra o "entrar por um ouvido e sair por outro". Se são críticas, por mais negativas que sejam, tenho exercitado meu espírito a ouvir com isenção e dispor-se a analisar e reter o que for relevante naquela percepção que a pessoa teve de mim ou desprezar o que não passar de falta de disposição de me conhecer e aceitar-me como sou.

Mas o cerne da questão está em ser tratada grosseiramente por alguém bem próximo. Sei que, certamente, muitas vezes dou lugar a isso e não me isento disso. Sei que as pessoas que me cercam e que amo e, certamente, me amam, tem seus dias maus... Mas o que quero diz respeito só a mim e à minha forma de reagir a isso. Quero estar acima, não com orgulho, como se eu fosse melhor que aqueles ou aquilo. Mas com um profundo sentimento de que não importam aquelas palavras rudes, não fazem diferença para mim, nem terão o poder de me aprisionar em tristeza, afinal há tantas outros motivos para chorar legitimamente, nem prejudicarão a continuidade daquele relacionamento...


Vivendo, ontem, um desses momentos, num dia em que já estava decepcionada com minha incapacidade de esquecer algo que já decidi perdoar, fui levada pelo Espírito a enxergar a Jesus, na cruz, não apenas perdoando aquilo que Lhe faziam, mas falando ao Pai a favor daqueles que O ofendiam de tantas maneiras. E o mesmo Jesus, alguns dias depois, reencontrando-Se com aqueles que O abandonaram e sorrindo para eles, pacificando seus corações... Augusto Cury tem razão quando se dedica a analisar as reações emocionais de Cristo e tomá-las como exemplo para nós... Jesus conseguia...

Percebi, também, que só há um lugar e um modo de conseguir estar acima das ofensas recebidas. E este lugar é a cruz. E o modo é passar por ela. Não como se eu fosse refazer o que Jesus já fez, pois não é preciso. Mas passar pela cruz no sentido de que minhas preferências, meu desejo de agradar a todos, minha vontade de controlar as pessoas e a necessidade imperiosa de ser sempre aceita... bem, tudo isso, seja crucificado, mortificado, reduzido a ... nada, pela simples impotência de estarem presos à cruz, onde serão tratados. Dali, do alto da cruz, que parece me prender, mas, na verdade, me liberta, sim, será dali que poderei estar acima das ofensas, olhando para os ofensores com uma grande dose de compreensão, porque eu mesma sou como eles e, na maioria das vezes, nem sabemos o que fazemos... Dali, do alto da cruz é que poderei me lembrar que nada que alguém possa me dizer ou fazer contra mim será grande o suficiente para impedir que eu atinja o alvo da minha caminhada e cumpra a missão da minha vida, em Jesus. Então, que importará o que digam ou façam?

Tenho, agora, um outro desejo dentro de mim: o de me encontrar neste lugar-cruz em que aprenderei e serei transformada em alguém um pouco mais parecida com Jesus...

quarta-feira, janeiro 30, 2008

ELE NÃO É COMO EU

No coração de Deus há um desejo de que sejamos parecidos com Ele. Isso se manifestou desde antes da fundação do mundo, quando o Cordeiro foi imolado para nos salvar antes de sermos criados.



No coração dos Homens há um desejo de que Deus seja parecido com eles. Isso se manifesta de uma forma muito veemente, hoje, quando a busca por humanizar Jesus é feita com tanta determinação.



Foi de Deus a iniciativa de fazer o Homem a Sua semelhança, para que pudesse ter filhos que se parecessem com Ele e O amassem...



Foi de Deus a iniciativa de tornar-se como o Homem, para salvar os Homens do enrosco em que se puseram ao escolher duvidar dEle...



A iniciativa dos Homens, no entanto, quando não mata Deus, é de torná-lo um ser impotente, sujeito ao destino das coisas que acontecem na história, como se não fosse Soberano sobre tudo...



A iniciativa dos Homens, cada vez mais, é fazer o filho de Deus parecer filho só de Maria, quando não "apenas mais um filho de Deus como todo mundo é"...



Fico pensando se Jesus, ao invés de convidar-me a caminhar nEle para ficar parecida com Ele e, assim, poder agradar ao Pai... se, ao invés disso, Ele tivesse decidido Se parecer comigo. Não apenas na condição humana que assumiu ou no fato de carregar os meus pecados. Mas igual a mim, como eu sou...



Se fosse assim, penso que os Homens rapidamente tentariam idealizá-lO novamente como Deus que é, porque, se Ele fosse como eu,




  • o perdão seria uma realidade truncada, do tipo "perdôo, mas não consigo esquecer";

  • o plano imutável traçado desde antes da fundação do mundo teria sido mudado muitas vezes, de acordo com minhas metas, projetos, motivações, emoções;

  • a obediência até a morte na cruz poderia ser substituída por uma sujeição condicional, se o Pai pensasse como eu;

  • a motivação para os três anos ensinando pessoas que não me ouviriam; para passar noites em claro, falando ao Pai sobre elas; para ser batizado, julgado e condenado como se fosse um pecador... bem, a motivação teria que ser forte demais... talvez, eu morresse pelos bons... ou talvez, não;

  • a determinação em ficar na cruz, enquanto me ofendiam, seria facilmente substituída por um arroubo temperamental; é bem provável que eu descesse de lá...



Bem, se Jesus fosse exatamente como eu, talvez, Ele tivesse se casado, sim, com Madalena ou qualquer outra pessoa; talvez, quisesse passar mais tempo em casa, confortável, do que caminhando por estradas de terra; talvez fosse tão sensível à dor, que não aceitasse levar sobre Si as dores da humanidade... Bom, falo por mim. Talvez se ele fosse exatamente como Você, tudo fosse diferente... Ou não...



... mas que bom que a iniciativa do Pai não foi essa, de fazer de Seu Filho um simples homem, como qualquer Homem é. Que bom que o sonho dEle é maior e bem melhor que isso. Que bom que o plano imutável do Pai não muda mesmo e, desde antes da fundação do mundo, tudo vem acontecendo como e porque Ele quis e cooperando para que, no final das contas e dos tempos, eu é que fique parecida com Jesus.



E sorte sua que isso, já hoje, começa a acontecer em mim. Do contrário, quem suportaria?

quinta-feira, janeiro 03, 2008

ENTREGA TOTAL



Cantávamos, ontem, uma canção que fala sobre entregar-se totalmente a Deus, bastante própria para o momento que vivemos, de virada do ano civil. Bem própria, aliás, para todos os momentos da vida do filho de Deus, em Seu Reino.

Quando Jesus estava para enviar os setenta discípulos que iriam anunciar a chegada do Reino às cidades por onde passariam, preparando o Caminho do Senhor, disse-lhes: peçam ao Senhor da seara que mande mais trabalhadores, porque a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos (Lucas 10:2). Penso que, ainda hoje, o Senhor diria a mesma coisa para nós, numa situação parecida. Porque a seara ainda continua grande, mas aqueles que deveriam ser os trabalhadores da seara se encontram, na maioria das vezes, pré-ocupados com todas as outras coisas que lhes seriam acrescentadas se, tão somente, buscassem o Reino de Deus e Sua Justiça em primeiro lugar.

Tenho aprendido do Senhor Espírito Santo que o Pai quer que, realmente, entendamos e assumamos o propósito que Ele tem para cada uma de nossas vidas, desde antes da fundação do mundo. E tenho compreendido e experimentado que, quando assumimos este propósito e vestimos a nossa missão como João Batista vestia as vestes feitas de pêlos de camelo (conformando-nos à vontade do Pai, mesmo que traga gafanhotos e mel silvestre no cardápio...), o próprio Pai tem um compromisso irreversível de suprir todas as nossas necessidades (= outras coisas que serão acrescentadas). A questão é: quem está disposto a negar-se a si mesmo, tomar sua cruz, dia-a-dia, e seguir a Jesus?

Aqui, podemos iniciar uma reflexão bastante relevante para o novo ano que se inicia: o que Jesus quis dizer com estas palavras (Lucas 9:23)?



Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-Me.



Em primeiro lugar, vemos que o Senhor deu-nos a oportunidade de decidir. Aliás, Ele sempre nos dá esta oportunidade. Porque, se Você prestar atenção ao que Jesus ensinou no Sermão do Monte, compreenderá que a decisão do seu espírito é fator determinante para sua vida no Reino, como filho de Deus. Penso que Davi compreendeu isso e, por isso, pediu ao Pai que lhe desse um espírito voluntário, ou seja, um espírito que tivesse vontade de obedecer ao Senhor. Porque será este ato de decidir, dentro de nós (que, apesar de nossas misérias, fraquezas e limitações, queremos fazer a vontade do Pai), que nos colocará em posição de agradá-lO, seja com pensamentos, sentimentos, atitudes, ações ou renúncias, geradas da decisão voluntária do nosso espírito.





Jesus deixa aberto: se Você quiser vir após Mim...






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Minha resposta a esta pergunta traduzirá o que tenho, realmente, buscado ao me aproximar do Senhor. Muitas pessoas, enquanto Jesus caminhava por aqui, se aproximaram dEle para ver ou receber milagres.Outros, ficaram por perto para ouví-lO, apenas. Multidões buscaram pão. Alguns, queriam armar-Lhe ciladas e acusá-lO. E tantos outros queriam que fosse Ele o libertador que quebraria o domínio de Roma sobre Israel. Alguns, no entanto, encontraram Seu olhar e quiseram seguí-lO, ainda que tivesse as Palavras de Vida Eterna, mas não tivesse onde recostar a cabeça. E quanto a mim, acaso quero eu seguir a Jesus, ir após Ele?






E sua resposta qual será, não apenas neste começo de ano, mas todos os dias da sua vida? Somente a partir desta resposta, sua e minha, é que poderemos continuar a refletir sobre o que Jesus quis dizer a seguir...