quarta-feira, janeiro 30, 2008

ELE NÃO É COMO EU

No coração de Deus há um desejo de que sejamos parecidos com Ele. Isso se manifestou desde antes da fundação do mundo, quando o Cordeiro foi imolado para nos salvar antes de sermos criados.



No coração dos Homens há um desejo de que Deus seja parecido com eles. Isso se manifesta de uma forma muito veemente, hoje, quando a busca por humanizar Jesus é feita com tanta determinação.



Foi de Deus a iniciativa de fazer o Homem a Sua semelhança, para que pudesse ter filhos que se parecessem com Ele e O amassem...



Foi de Deus a iniciativa de tornar-se como o Homem, para salvar os Homens do enrosco em que se puseram ao escolher duvidar dEle...



A iniciativa dos Homens, no entanto, quando não mata Deus, é de torná-lo um ser impotente, sujeito ao destino das coisas que acontecem na história, como se não fosse Soberano sobre tudo...



A iniciativa dos Homens, cada vez mais, é fazer o filho de Deus parecer filho só de Maria, quando não "apenas mais um filho de Deus como todo mundo é"...



Fico pensando se Jesus, ao invés de convidar-me a caminhar nEle para ficar parecida com Ele e, assim, poder agradar ao Pai... se, ao invés disso, Ele tivesse decidido Se parecer comigo. Não apenas na condição humana que assumiu ou no fato de carregar os meus pecados. Mas igual a mim, como eu sou...



Se fosse assim, penso que os Homens rapidamente tentariam idealizá-lO novamente como Deus que é, porque, se Ele fosse como eu,




  • o perdão seria uma realidade truncada, do tipo "perdôo, mas não consigo esquecer";

  • o plano imutável traçado desde antes da fundação do mundo teria sido mudado muitas vezes, de acordo com minhas metas, projetos, motivações, emoções;

  • a obediência até a morte na cruz poderia ser substituída por uma sujeição condicional, se o Pai pensasse como eu;

  • a motivação para os três anos ensinando pessoas que não me ouviriam; para passar noites em claro, falando ao Pai sobre elas; para ser batizado, julgado e condenado como se fosse um pecador... bem, a motivação teria que ser forte demais... talvez, eu morresse pelos bons... ou talvez, não;

  • a determinação em ficar na cruz, enquanto me ofendiam, seria facilmente substituída por um arroubo temperamental; é bem provável que eu descesse de lá...



Bem, se Jesus fosse exatamente como eu, talvez, Ele tivesse se casado, sim, com Madalena ou qualquer outra pessoa; talvez, quisesse passar mais tempo em casa, confortável, do que caminhando por estradas de terra; talvez fosse tão sensível à dor, que não aceitasse levar sobre Si as dores da humanidade... Bom, falo por mim. Talvez se ele fosse exatamente como Você, tudo fosse diferente... Ou não...



... mas que bom que a iniciativa do Pai não foi essa, de fazer de Seu Filho um simples homem, como qualquer Homem é. Que bom que o sonho dEle é maior e bem melhor que isso. Que bom que o plano imutável do Pai não muda mesmo e, desde antes da fundação do mundo, tudo vem acontecendo como e porque Ele quis e cooperando para que, no final das contas e dos tempos, eu é que fique parecida com Jesus.



E sorte sua que isso, já hoje, começa a acontecer em mim. Do contrário, quem suportaria?