sábado, fevereiro 02, 2008

DADÍ E O DAD

Hoje, recebi uma visita gostosa, daquelas que poderiam durar um mês inteiro. O pequeno Davi, que a si mesmo se chama "Dadí", só por charme, veio me ver. Ele é filho dos meus amigos de caminhada no Reino e, freqüentemente, aprendo muito com este amigo e, juntos, aprendemos muito do Espírito. Mas, hoje, não foi o pai quem me ensinou: foi o filho.

Como filho que cresce ouvindo o pai tocar violão, "Dadí" é fascinado pela música, ama o barulho da bateria do teclado e se diverte modificando os sons dos instrumentos, quando não está sentado, no sofá ou no chão, tocando um violão maior que ele.

E a tarde passava assim, quando resolvemos, eu e ele, dançar. Balançamos ao som de cada rítmo e, é claro, o rock era a preferência dadional. Ensinei o pequeno a girar segurando minha mão e fizemos isso de novo, de novo e de novo e de novo...!!! Tudo ia tão bem, até que o pai chegou na porta e ficou olhando.


O que Você acha que aconteceu? "Dadí" parou de tocar e dançar, enrubescido?


Qual o quê! Ele começou a tocar com um sorriso vibrante e orgulhoso e me olhava pela lateral, com um dos olhos mais apertados que o outro. E eu entendia a mensagem, é claro: "meu pai está me vendo!" Parei de bater balmas e dançar quando ouvi uma vozinha doce e baixa, compondo uma canção que se ajustava no ritmo que vinha do teclado: "Papai pode ver! Papai pode ver!".

Sem perceber isso, o pai se afastou, para ver a mamãe e o filho protestou: "papai, pode ver!!!". Já indo, o pai respondeu, fazendo um sinal com a mão levantada e se foi. O menino parou imediatamente o que estava fazendo e me pediu para sentar no sofá, explicando: "papai disse espera." Na verdade, o pai não disse; foi apenas um sinal com a mão, que o filho entendeu e atendeu. E eu e ele ficamos, por muito tempo, sentados no sofá, esperando. As mãozinhas, muitas vezes, começaram a bater um barulho no violão, mas, se eu tentava acompanhar, ele repetia; "papai disse espera." E... ponto final.

Aprendi muitas lições com Davi. Os poucos minutos em que sorrimos juntos me fizeram muito bem. As coreografias e os barulhos que inventamos nos divertiram muito. Mas, mais que tudo isso, Davi me mostrou que, para um filho, o olhar do pai é muito importante. "Papai pode ver!" não significava somente que ele estava autorizando o pai a ver, mas que sabia que estava ao alcance dos olhos do pai. E isso lhe dava um sorriso confiante. E, como o olhar do pai era bom, o filho se alegrava em alegrá-lo...

Pensei que quero ser assim, com meu Pai do céu. A consciência de que "Papai pode ver!" deveria encher meus dias de alegria confiante e desejo-certeza de agradá-lo com a minha vidinha cotidiana... As coisas que eu gosto de fazer e podem parecer sem sentido às pessoas, eu deveria fazê-las, sorrindo para Ele, sabendo que Seus olhos me alcançam, sempre.

Ah... e como eu quero saber quando o Pai fez um simples movimento, mandando esperar, e ser pronta assim, para ficar o resto da vida, se necessário, esperando que Ele me libere o próximo movimento, sem me importar com a pressão da vida que continua ou de quem quer que esteja ao meu lado, dizendo o contrário. Papai pode ver e eu quero agradá-lO! Se é assim, esperar ou dançar têm a mesma importância, desde que seja a vontade dEle para mim...

Sabe, Davi, o Reino dos Céus é das crianças, por essas e outras. Que Você cresça assim, fazendo a gente crescer, também! Sabe, meu amigo, pai do Davi, entendi que Você tem um filho que passa o dia inteiro esperando seu olhar chegar à porta, para vê-lo e se alegrar... ou para acenar a ele, dizendo seja o que for, porque ele vai entender e respeitar os movimentos do pai que ama e quer agradar.